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Crianças e escola em tempos de pandemia

A difícil tarefa dos pais frente à educação escolar dos seus filhos agora em casa.

Um ser invisível ao olho humano atuou tão amplamente em nosso planeta ao ponto de nos exigir de modo instantâneo mudanças tão radicais em nossas vidas. Este vírus nos fez agir sem preparo ou experiências mais próximas nas quais pudéssemos nos apoiar. Essas mudanças afetaram a todos nós, independente de classe social, de gênero ou de faixa etária.

Neste contexto, temos as crianças, temos os nossos filhos, que como antes continuam esperando de nós adultos respostas e soluções para as situações que ainda não possam compreender ou lidar. Mas como protegê-las neste momento em que também nos sentimos fragilizados, preocupados e ansiosos?

Sabemos como está difícil a rotina dos pais ao se sentirem responsáveis pelos seus trabalhos profissionais, pelas tarefas domésticas e pela educação de seus filhos, que agora afastados das escolas se voltam exclusivamente ao convívio familiar em seus lares.

As escolas, assim como os outros setores da sociedade, querem cumprir seu planejamento, mas o momento exige mudanças em sua prática que agora, via online, se dá na casa de cada um dos seus alunos. É preciso que todos – pais, filhos e escola – se atualizem frente a este momento; precisamos modificar as expectativas sobre nós e sobre nossas crianças. Há sim muitas perdas que nos sensibilizam profundamente, mas há também a oportunidade de aprendermos com a nossa história.

As crianças ao seu modo sabem e sentem o que está acontecendo, mais do que conteúdos escolares, exercícios, provas ou notas. Elas necessitam de acolhimento, de companhia para brincar, para ouvir histórias… para serem crianças. O calendário escolar e os conteúdos podem e serão reorganizados e recuperados quando as crianças voltarem às suas escolas. Por isso, o momento exige muita calma, discernimento e parceria, inclusive de perceber e respeitar a fragilidade que a instituição escolar passa neste momento. Os pais não podem ser professores de seus próprios filhos. Podem sim dar apoio, ajudá-los a se organizar no tempo, garantir uma rotina saudável e assim dar aos seus filhos a segurança necessária para que eles possam sentir que podem contar com seus pais em momentos difíceis da vida.

O teor reflexivo deste texto tenta abrir possibilidades de vermos nossas limitações com criatividade e parceria. Portanto, pensarmos juntos, discutirmos e socializarmos nossas experiências são possibilidades de amadurecermos diante da crise. Por isso, tornam-se ainda mais importantes as iniciativas como as do Espaço Ybá, onde publico esse texto.

Cláudia Dantas
mclaudiadantas16@gmail.com
Psicoterapeuta Psicanalítica com formação voltada
ao atendimento de crianças e adolescentes
numa dinâmica de parceria e consulta aos pais.

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